Ano após ano, edição após edição, o projeto ‘Ousadias do pensar’ revela-nos que a educação para o pensar contribui significativamente para o crescimento pessoal e interpessoal do alunos; aquela tem uma importância crucial para estimular o pensamento e está, ainda, pressuposta nas psicologias cognitiva e social, pois ajuda os jovens a criarem relações autênticas com os seus pares e consigo mesmos. Vygotsky, em "Formação Social da Mente", apresentou um suporte filosófico e psicológico para a tese de que o pensamento é a internalização do diálogo.

Ali defende claramente a existência de uma diferença entre a capacidade que as crianças/jovens têm para solucionar problemas individualmente e a capacidade para resolverem tais problemas com a colaboração dos seus professores e colegas. Assim, a oportunidade de dialogar e confrontar ideias leva os estudantes a pensarem e a alcançarem um desempenho mais alto do que eles poderiam alcançar individualmente. É importante lembrar que "pensar não é saber dar respostas".

Considerando que «o conflito é congénito às filosofias», a formulação do problema determina o problema e, portanto, a sua solução. Quanto mais se valoriza a noção de problema, mais se compreende como a filosofia se desenvolve, como é solidária com a atividade problematológica, e que não há nenhuma medida, nenhum padrão, que possa funcionar para todas elas. Essa é uma aprendizagem importante a fazer pelos jovens entre os 15-17 anos. Mas tem de haver uma ordem qualquer entre as soluções. Tem de se arranjar uma relação qualquer de maneira a travar essa impressão de que estão gratuitamente a acumular-se soluções para um mesmo problema, e que todas elas valem o mesmo, isto é, nada. Como se trava essa impressão? Isso depende muito da formação; depende muito também do talento e do dom dos professores, mas, genericamente, isso trava-se, não fazendo do «problema» mais uma palavra mágica que vai resolver tudo, mas procurando mostrar efetivamente o que é o trabalho de problematização : por que aparece um problema, em que contexto ocorre, qual a «solução» que suscita, por que não eram satisfatórias as «soluções» disponíveis no momento, quais eram as principais críticas que se levantavam, etc., mostrando, assim, que a dinâmica da problematização é o oposto do trabalho gratuito da tagarelice. A compreensão do que, nos seus traços fundamentais, é o trabalho de problematização - como se constitui um problema e como um problema muitas vezes desaparece - é vital no ensino filosófico.

Com a 4ª edição do Ousadias do Pensar, as professoras, de Filosofia, Adriana Seixas, Sónia Aires e Stella Azevedo, envolveram alunos dos Cursos Profissionais e Científico-Humanísticos, nomeadamente as turmas 12ºH; 11ºH, 10ºE, 10ºH, 11ºD; 11ºB, que mais uma vez demonstraram como a aprendizagem da confiança e do respeito, através da participação ativa no fortalecimento do bem comum, permitem elaborar relações sociais eficazes. Por outras palavras, o ousar pensar tem garantido, aos alunos da serafim leite, experiências ricas em significados e, portanto, a habilidade por excelência que os habilita a captar os significados. Pela variedade de talentos e habilidades apresentadas, pelos alunos participantes, ficou relembrado, mais uma vez, que "pensar não é saber dar respostas", antes sim formular e apresentar corretamente os problemas.

É em nome do grupo de professores de Filosofia da ESSL, que agradeço a presença no CMI de toda a comunidade escolar e educativa, na edição de 2011-2012, com especial relevo para os alunos e professores nela envolvidos. Bem hajam!

Fotos: Ricardo Ferreira (11º I)

 

 
 
 

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