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POEMÁRIO

 

DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA 2022

AMANTES DA LINGUA DE CAMÕES

Um poema por dia…

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MANUEL ALEGRE

Nasceu a 12 de maio de 1936, em Águeda. Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um ativo dirigente estudantil e fundou o CITAC – Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, membro do TEUC – Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, campeão nacional de natação e atleta internacional da Associação Académica de Coimbra.
Aos microfones da emissora «A Voz da Liberdade», a sua voz converte-se num símbolo de resistência e liberdade.
Em maio de 2016, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou: "Portugal também foi grande e é grande porque Manuel Alegre é português".
A sua obra goza de reconhecimento nacional e internacional, tendo recebido múltiplos e importantes prémios literários.

 

«Portugal em Paris» - Cláudio Silva (10.º B)

Solitário

por entre a gente eu vi o meu país.

Era um perfil

de sal

e abril.

Era um puro país azul e proletário.

Anónimo passava. E era Portugal

que passava por entre a gente e solitário

nas ruas de Paris.

Vi minha pátria derramada

na Gare de Austerlitz. Eram cestos

e cestos pelo chão. Pedaços

do meu país.

Braços.

Minha pátria sem nada

sem nada

despejada nas ruas de Paris.

E o trigo?

E o mar?

Foi a terra que não te quis

Solitário por entre a gente caminhei contigo

Éramos cem duzentos mil?

E caminhávamos. Braços e mãos para alugar

meu Portugal nas ruas de Paris.

 

 

GILBERTO MENDONÇA TELES

Nasceu em Bela Vista de Goiás, no dia 30 de junho de 1931.
É um poeta e crítico literário brasileiro, conhecido pela sua produção poética e pelos estudos sobre o Modernismo e a vanguarda na poesia.

 

«Língua», Ângela Santos & Rafael Andrade (10.º B)

Esta língua é como um elástico

que espicharam pelo mundo.

No início era tensa,

de tão clássica.

Com o tempo, se foi amaciando,

foi-se tornando romântica,

incorporando os termos nativos

e amolecendo nas folhas de bananeira

as expressões mais sisudas.

Um elástico que já não se pode

mais trocar, de tão gasto;

nem se arrebenta mais, de tão forte.

Um elástico assim como é a vida

que nunca volta ao ponto de partida.

 

VASCO GRAÇA MOURA

Personagem polifacetada da vida cultural portuguesa, tendo nascido na Foz do Douro, a 3 de janeiro de 1942, e falecido em Lisboa, no dia 27 de abril de 2014).
Poeta, romancista, ensaísta, tradutor, foi secretário de Estado de dois Governos provisórios, desempenhou funções diretivas na RTP, na Imprensa Nacional e na Comissão para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
Em 1999, foi eleito deputado ao Parlamento Europeu.
Considerado por muitos um dos maiores, se não o maior, poeta português contemporâneo.
Autor de uma vastíssima obra poética, ensaística e ficcional e um nobilíssimo tradutor e divulgador das literaturas clássicas.

«Lamento para a Língua Portuguesa» – Maria Flor Costa & Inês Amaral (10.º B)

não és mais do que as outras, mas és nossa,

e crescemos em ti. nem se imagina

que alguma vez uma outra língua possa

pôr-te incolor, ou inodora, insossa,

ser remédio brutal, mera aspirina,

mas é o teu país que te destroça,

e a sua condição te contamina

e no seu dia-a-dia te assassina.

mostras por ti o que lhe vais fazer:

(…)

mais valia que fossem de outra sorte

em cada um a força da vontade

e tão filosofais melancolias

nessa escusada busca da verdade,

e que a ti nos prendesse melhor grade.

(…)

matam-te a casa, a escola, a profissão,

a técnica, a ciência, a propaganda,

de estranhas novidades, a ciranda

de violência alvar que não abranda

entre rádios, jornais, televisão.

e toda a gente o diz, (…)

eu acredito

que te fizeram avaria grossa.

não rodarás nas rotas como dantes,

quer murmures, escrevas, fales, cantes,

mas apesar de tudo ainda és nossa, (…)

Vasco Graça Moura, in «Antologia dos Sessenta Anos»

 

OLAVO BILAC

Jornalista e poeta brasileiro, membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Nasceu no dia 16 de dezembro de 1865, tendo falecido no dia 28 de dezembro de 1918, no Brasil.

«Língua Portuguesa», Edgar Vilas-Boas (10.º B)

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga impura

A bruta mina entre os cascalhos vela

Amo-te assim, desconhecida e obscura

Tuba de algo clangor, lira singela,

Que tens o trom e o silvo da procela,

E o arrolo da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma

De virgens selvas e de oceano largo!

Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",

E em que Camões chorou, no exílio amargo,

O génio sem ventura e o amor sem brilho!

Olavo Bilac, in «Poesias»

 

 

JOSÉ RÉGIO

Um escritor único da História da Literatura Portuguesa, impondo-se como o principal mentor do movimento presencista. do na linguagem comum, no que será um dos casos raros na nossa história literária.
Deixou-nos uma obra que se estende pelos vários meios da expressão literária, indo da poesia, do romance, da novela e do conto, ao teatro, ao ensaio e à crítica, passando pela obra íntima.

«Fado Português» – Mariana Ferreira (10.º B)

O Fado nasceu um dia,

quando o vento mal bulia

e o céu o mar prolongava,

na amurada dum veleiro,

no peito dum marinheiro

que, estando triste, cantava,

que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,

meu chão, meu monte, meu vale,

de folhas, flores, frutas de oiro,

vê se vês terras de Espanha,

areias de Portugal,

Na boca dum marinheiro

do frágil barco veleiro,

morrendo a canção magoada,

diz o pungir dos desejos

do lábio a queimar de beijos

que beija o ar, e mais nada,

que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.

Guarda bem no teu sentido

que aqui te faço uma jura:

que ou te levo à sacristia,

dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,

quando o vento nem bulia

e o céu o mar prolongava,

à proa de outro veleiro

velava outro marinheiro

que, estando triste, cantava,

que, estando triste, cantava.

José Régio, in «Poemas de Deus e do Diabo»

 

 

MIGUEL TORGA

Pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha. 
Nasceu a 12 de agosto de 1907, em São Martinho de Anta, Vila Real, e faleceu a 17 de janeiro de 1995, em Coimbra.
Médico, colaborou na Revista «Presença» e foi diretor das Revistas «Sinal e Manifesto», tendo sido galardoado com o Prémio Luís de Camões, em 1989.

«Camões», Leonardo Santos (10.º B) 

Nem tenho versos, cedro desmedido,

Da pequena floresta portuguesa!

Nem tenho versos, de tão comovido

Que fico a olhar de longe tal grandeza.

Quem te pode cantar, depois do Canto

Que deste à pátria, que to não merece?

O sol da inspiração que acendo e que levanto,

Chega aos teus pés e como que arrefece.

Chamar-te génio é justo, mas é pouco.

Chamar-te herói, é dar-te um só poder.

Poeta dum império que era louco,

Foste louco a cantar e a louco a combater.

Sirva, pois, de poema este respeito

Que te devo e professo,

Única nau do sonho insatisfeito

Que não teve regresso!

In «Poemas Ibéricos», 1965.

 

 

CAETANO VELOSO

Músico, produtor e escritor brasileiro que nasceu no dia 7 de agosto de 1942.
Um dos artistas brasileiros mais influentes desde a década de 1960, considerado o "aedo pós-moderno", e uma das mais polémicas.
É uma das figuras mais importantes da música popular brasileira e um dos melhores compositores do século XX.

«Língua», Iago Lourenço (10.º A)

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões

Gosto de ser e de estar

E quero me dedicar a criar confusões de prosódia

E uma profusão de paródias

Que encurtem dores

E furtem cores como camaleões

Gosto do Pessoa na pessoa

Da rosa no Rosa

E sei que a poesia está para a prosa

Assim como o amor está para a amizade

E quem há - de negar que esta lhe é superior?

E deixe os Portugais morrerem à míngua

“Minha pátria é minha língua”

(...) O que quer

O que pode esta língua?

(...)

Adoro nomes

Nomes em ã

De coisas como rã e ímã

Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã

Nomes de nomes

Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé

e Maria da Fé

(...)

A língua é minha pátria

E eu não tenho pátria, tenho mátria

E quero frátria

Poesia concreta, prosa caótica

Ótica futura

Samba-rap, chic-left com banana

(...)

Nós canto-falamos como quem inveja negros

Que sofrem horrores no Gueto do Harlem

Livros, discos, vídeos à mancheia

E deixa que digam, que pensem, que falem.

 


 

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 Parlamento dos jovens

 
O programa Parlamento dos Jovens é uma iniciativa da Assembleia da República dirigida aos jovens dos 2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário, que culmina com a realização de duas Sessões Nacionais no Parlamento. Este projeto parlamentar pretende, grosso modo, incentivar o interesse dos jovens pela participação cívica e política e sublinhar a importância da sua contribuição para a resolução de questões que afetam o seu presente e o futuro individual e coletivo.
O programa desenvolve-se em três fases – escolar, distrital e nacional -, abarcando diversas etapas que pretendem, no fundo, espelhar o trabalho dos deputados representativos de todas as faces políticas em nome da nação – PORTUGAL.
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 Clube Europeu

 
O Clube Europeu AESL e a Europa é um clube dinamizador de atividades no domínio da Dimensão Europeia da Educação. Tem a finalidade de contribuir para a formação de jovens estudantes conscientes dos seus direitos e deveres, dispostos a intervir direta e indiretamente no projeto da construção europeia, à luz dos Direitos Humanos e dos valores da Democracia.
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 Eco-Escolas

 
O Programa Eco-Escolas é um projeto internacional da Fundação para a Educação Ambiental e que é desenvolvido em Portugal, desde 1996, pela Associação Bandeira Azul da Europa. A iniciativa pretende encorajar ações e reconhecer o trabalho de qualidade desenvolvido pela escola, no âmbito da Educação Ambiental para a Sustentabilidade. Mais informações sobre o nosso projeto [aqui]

Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite
Rua Manuel Luís da Costa
3700-179 São João da Madeira

        

Escola Básica de Fundo de Vila
Rua Dr. José Cerqueira Vasconcelos
3700-120 São joão da Madeira

        

Escola Básica do Parque
Rua Maestro Rui Ferrão
3700-282 São João da Madeira