Finalmente, Casa da Criatividade cheia como um chapéu. Nestes últimos dois anos, umas vezes vimo-la vazia, outras meio vazia, com o cadeirame abraçado por umas cintas horríveis, a impedir que nos sentássemos juntinhos. Mas, desta vez, a sala vez estava cheinha, para ver muitos chapéus e muitas pessoas com chapéus na cabeça e muitas cabeças com chapéu.


No palco desfilaram Os Serafins, grupo de teatro, para colaborar nas celebrações do aniversário da emancipação concelhia. E, para isso, nada melhor do que falar de chapéus, ou não fosse S. João da Madeira a terra deles, desde o longínquo século XIX. O espetáculo imaginado pela professora Lurdes Gual foi uma celebração ao chapéu, nas suas muitas vertentes, porque um chapéu não é apenas aquele objeto que alguns, cada vez menos, colocam sobre a cabeça. Um chapéu foi, e é, também, o fruto do trabalho dos homens a quem João da Silva Correia dedicou a sua obra maior, Unhas Negras. Unhas queimadas pelos ácidos que enformavam os chapéus.  Foi também neles que outros homens viram uma oportunidade de afirmarem o seu espírito de iniciativa. Chapéus cobriram cabeças de figuras famosas, de humildes homens e mulheres, de atrizes  e de atores, ditando modas e dando-lhe novos significados, numa espécie de “diz-me o que colocas sobre a cabeça e dir-te-ei quem és”. Foi uma longa e multifacetada viagem, cruzando a História de S. João da Madeira com a outra História, mais vasta, que engloba o paneta inteiro e que une o passado ao presente. Ainda se fazem chapéus em S. João da Madeira!
E como foi possível fazer tal viagem? Através de um guião que incluiu músicas e danças, cenas representadas pelas atrizes e atores do grupo, projeção de imagens alusivas e, sobretudo, muito talento e um enorme sentido de dedicação por parte de todos aqueles que estiveram envolvidos no projeto. “Em menos de um mês fizemos isto tudo”, diria a professora Lurdes já a recuperar da exaustão “de uns bastidores onde se viveu um incrível frenesi”.
Mas foi bonito. O público aplaudiu de pé. Atrizes, atores e equipa técnica abraçaram-se. E a sala esvaziou-se lentamente, já a sonhar com o regresso em abril, “nessa altura esperamos estar aqui de novo, para o festival de teatro”.


Celestino Pinheiro

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"Chapéus há muitos!"

 

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