Rui M Costa, antigo aluno da Escola B/S Dr. Serafim Leite e licenciado em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, apresenta ao público alguns dos seus trabalhos, na Biblioteca Municipal de S. João da Madeira, até ao dia 30 de dezembro. Na Memória Descritiva que seguidamente se apresenta, Rui M Costa explica a génese do seu trabalho e justifica as opções artísticas adotadas.


Statement / Memória Descritiva


O corpo do meu trabalho reflete o estudo das ciências, que precedeu o meu ingresso na Faculdade de Belas-Artes, principalmente no método, que segue determinadas sequências ou padrões. Reflete também uma relação de proximidade com a natureza, e as vivências de uma infância marcadas por esse contacto com o natural. Trabalho, entre outras coisas, a partir dessa ideia ausente de artifício, do abandonado, do conceito de casa, e procuro formas de fotografar que me levem a experienciar algo de novo. Hoje em dia, com os novos media, e com a proliferação em massa da imagem, existe uma fonte de inspiração e uma inesgotável base para desenvolver trabalhos, como nunca antes houve. Comecei a encarar a internet como um grande arquivo fotográfico. Exploro relações virtuais e interessa-me abordar essencialmente a capacidade emocional inerente, mas nem sempre tão presente, no Homem.
Interessam-me as temáticas relacionadas com o Homem e as suas relações com a Natureza, que traçam também de grosso modo as características desse mesmo Homem enquanto ser social.
Esta ideia ou conceito funcionou para mim, também, um pouco como uma chamada de atenção
relativamente ao virtual e aos perigos associados. Queria retratar a linha ténue que existe atualmente entre os dois universos, o do real e o do virtual, e aproximar este último a uma espécie de universo de imaginação controlada, enclausurada, agregado a uma ideia inerente de ilusão, que é corrosiva para a percepção. As imagens são uma espécie de recordação de uma vivência ou relação que se perdeu, e fazem a ponte com a nostalgia da infância e da natureza.
Os meus trabalhos surgem quase sempre da relação com a literatura. O gosto pela leitura funciona como a principal fonte de inspiração. Ao trabalhar sobre a paisagem e o conceito de horizonte, a partir de textos de Nietzsche e Gadamer, procuro mostrar uma perspetiva da natureza impregnada de uma certa nostalgia do esquecimento, através da recorrência ao preto e branco e ao efeito granulado que se assemelha ao traço do carvão. Pegando em conceitos de Gadamer, exploro o conceito do horizonte não como uma ideia expansiva do espaço, mas redutora, na medida em que se apresenta como um limite ao que conseguimos ver a partir de algum ponto alto.
A exposição patente em S. J. da Madeira pretende, assim, ser uma retrospetiva de trabalhos anteriores, bem como uma apresentação de projetos recentes e assim criar uma dicotomia entre o natural e o urbano, a simples contemplação e a crítica social, pelo olhar analítico da razão, que foge à inocência nostálgica da infância.

 

AN exposição RuiC

 

ruicosta

http://ruimcosta.com/


 
 
 

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