Era uma vez uma sementinha carregada de ideias que foi crescendo, com o intuito de alargar a Rede de Clubes de Ciência Viva do Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite e que, a passos largos, tem vindo a desenvolver-se, em estreita colaboração com os diversos parceiros educativos, na Escola Básica do Parque.
1, 2, 3 – Inauguração
A inauguração do Charco Pedagógico levou a comunidade serafina a festejar, no final do ano letivo transato, esta nova iniciativa que nos reenvia para o mundo da biodiversidade. A cerimónia contou com a presença especial dos coordenadores, Marisela Oliveira e Pedro Gual, do Presidente da Câmara Municipal de S. João da Madeira, da Coordenadora da Ajudaris, da Diretora do Agrupamento, dos Encarregados de Educação e da restante «gente da casa». Além disso, não faltou a mascote do projeto, o «Verdolas».
Desde o arranque do projeto, o 3.ºA, atual 4.ºA, empenhou-se na construção e no desenvolvimento deste projeto que abraçou com carinho e muita curiosidade, reconhecendo, desde sempre, que, através do uso razoável dos recursos da Terra e preservando as espécies e os habitats naturais, é possível um desenvolvimento sustentável. Contagiar os alunos a disseminar a ciência, entender uma forma de vida sustentável e ser um agente ativo na sustentabilidade do planeta foram (e são) os retornos desejados com esta iniciativa.
Os novos habitantes do Charco Pedagógico
Os anfíbios são considerados excelentes indicadores ambientais, pois são imensamente sensíveis à qualidade do meio ambiente, como a qualidade da água e do ar. São, igualmente, necessários para o equilíbrio da Natureza e, além de serem responsáveis pelo controlo de diferentes pragas, são, também, bioindicadores que revelam se o ambiente está em equilíbrio ecológico.
Por isso, foi com uma enorme satisfação que a comunidade educativa da Serafim Leite deu as boas-vindas ao primeiro anfíbio que nasceu no Charco Pedagógico, a rã «Castanholas». Por isso, todos passaram a estar bem atentos ao seu crescimento, apreciando a sua beleza e a sintonia afinada do seu coaxar, que bem se enquadram na paisagem idílica.
O Charco Pedagógico foi assistindo ao crescimento do número dos seus habitantes e, mais recentemente, a professora Odete Covelo fez uma extraordinária doação que encheu, sobremaneira, o coração, sobretudo, dos mais pequeninos: uma tartaruga que foi batizada com o nome «Serafina», em associação ao patrono do Agrupamento, o Dr. Serafim Leite.
Classificação das rochas do Charco Pedagógico
Os alunos do 4.ºA, inspirados por esta causa ambiental, assumiram, em todo este processo, o papel de cientistas e têm aprendido muito em colaboração com a Natureza. Por isso, num dos momentos, desafiaram as professoras Guida Pereira e Marisela Ribeiro a ajudá-los a descobrir e a classificar as rochas que limitam o Charco Pedagógico. Assim, com base numa chave dicotómica e na modalidade de trabalho de grupo, classificaram as rochas segundo a sua cor, textura, dureza, cheiro, composição química, forma dos grãos minerais e o modo como estes estavam dispostos.
A Terra é, de facto, um planeta dinâmico em constante transformação e evolução. As rochas não são eternas, alterando-se por ação do vento, da água, da temperatura, da gravidade e dos seres vivos. Já as rochas são agregados naturais de um ou mais minerais que surgem naturalmente e com características diversas. Assim, compreende-se que, por exemplo, se a bancada da cozinha for de calcário ou de mármore, devamos ter cuidados especiais ao espremer um limão, pois o seu sumo contém ácido cítrico que poderá corroer a bancada. Tudo isto estimulou o interesse dos pequenos cientistas, partindo para a ação e tendo descoberto que o charco possui imensas rochas, a saber: calcário, micas (moscovite e biotite), gnaisse e quartzito.
Análise do pH da água do Charco Pedagógico
No âmbito do Charco Pedagógico, foi realizada, igualmente, uma atividade interessante sobre o pH da água, contando com o apoio dos docentes Guida Pereira, Pedro Gual e Marisela Oliveira, na qual os alunos aprenderam que as substâncias são classificadas de acordo com as suas propriedades, sendo que uma das possíveis classificações passa por agrupar as substâncias em ácidas, básicas ou neutras.
Assim, com folhinhas de couve roxa, água quente e papel de filtro, os alunos elaboraram um indicador de pH caseiro que ajudou, com um medidor de pH de tiras e um digital, a comparar diversas substâncias e diferentes líquidos, como o detergente da roupa, a água do charco, o leite, o vinagre, entre outros.
Esta atividade, para além da aprendizagem que proporcionou, permitiu, igualmente, monitorizar a água do Charco Pedagógico. Assim, os alunos do 4.ºA descobriram que o seu pH, neste momento, se encontra em 6,8, ou seja, muito próximo do pH neutro, significando que está com as condições favoráveis ao desenvolvimento da biodiversidade.
Na verdade, são imensas as aventuras que o Charco Pedagógico tem proporcionado a todos que o visitam e, em maior escala, a todas as crianças que frequentam a Escola Básica do Parque, no AESL, para além de constituir um excelente espaço onde os alunos podem apreciar a Natureza ao vivo.
A verdade é só uma: numa cultura de ambiente colaborativo, motivacional e de proteção, no qual se privilegia o contacto com a Natureza, desenvolvem-se competências e conhecimentos que, no futuro, contribuirão para uma progressão social, económica, cientifica e de realização humana e cultural. É caso para concluir que estamos SEMPRE a aprender, seduzidos pela Natureza e pela Ciência e o Charco Pedagógico tem sido, na verdade, uma verdadeira Escola ao ar livre.