No dia 14 de Março de 2012, pelas 15h, realizou-se a palestra 'Bioética em ambiente hospitalar', organizada pela professora Stella Azevedo, com um convidado especial, o enfermeiro Nuno Soares, que exerce a sua profissão no Hospital S. João (Porto), na área da oncologia pediátrica.

A palestra foi iniciada com uma breve apresentação da biografia do enfermeiro, realizada pela professora Stella Azevedo. De seguida, foi Nuno, quem deu voz à palestra.

Este apresentou um PowerPoint sobre bioética e reflexões, como meio de introduzir o tema nos presentes. Começou então por definir o que é bioética, seguindo com uma breve explicação do seu surgimento, na qual mencionou algumas observações históricas relevantes; focou quais os direitos humanos fundamentais e quais os princípios da bioética. Depois desta introdução ao tema em consideração, o enfermeiro apresentou 4 casos verídicos de situações de diferentes doentes, para que o público ao qual ele se dirigia, ou seja, os alunos presentes no auditório, comentasse e disse-se o que faria se fosse médico e como agiria naquela situação específica.

O enfermeiro começa então por classificar a palavra Bioética como sendo um neologismo resultante do somatório das palavras gregas bios (vida) + ethos (relativo à ética).

De seguida, define-a como: o estudo transdisciplinar entre Biologia, Medicina, Filosofia (Ética) e Direito (Biodireito) que investiga as condições necessárias para uma administração responsável da vida humana, animal e responsabilidade ambiental.

Com esta introdução ao tema em questão, o enfermeiro menciona as questões envoltas nesta área, as quais não usufruem de um consenso moral como a fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia, os transgénicos e as pesquisas com células tronco, bem como a responsabilidade moral de cientistas nas suas pesquisas e aplicações.

A biossegurança, a biotecnologia e a intervenção genética em seres humanos, além das controvérsias morais anteriormente mencionadas, exigiam novas abordagens e respostas ousadas da parte de uma ciência transdisciplinar e dinâmica por definição.

A problemática bioética é numerosa e complexa, envolvendo fortes reflexos imprimidos na opinião pública sobretudo pelos meios de comunicação de massa. O enfermeiro avança, explicando o surgimento da Bioética e mencionando factos históricos que nos perturbam e tocam a todos, tais como as experiências realizadas com seres humanos, em câmaras de gás, durante a Segunda Guerra Mundial.

A Bioética surge a partir dos debates acerca das pesquisas com seres humanos levadas a cabo durante a Segunda Guerra Mundial (1933-1945), que vieram a público através do Processo de Nuremberga, em 1947. Tais pesquisas impulsionaram debates filosóficos, teológicos, sociológicos e políticos em torno das relações entre ética e ciência, entre o saber-fazer tecnocientífico e os valores que orientam a vida nas sociedades democráticas ocidentais. Ou seja, o questionamento sobre o que é bem e justo que se faça na medida em que pode ser feito, sobre as nossas responsabilidades quanto ao uso de nossa competência tecnocientífica e as suas possíveis consequências. Foi então, após a tragédia do holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado com as práticas abusivas de médicos nazistas em nome da ciência, cria um código para limitar os estudos relacionados.

É deveras importante frisar que a ciência não é mais importante que o homem. A Bioética contemporânea é, assim, uma "consequência de uma cada vez maior penetração da tecnociência (médica e biológica) nos ecossistemas, na vida social e concreta dos homens e, nomeadamente, na relação médico-paciente. Esta levanta a questão complexa da autonomia humana face à tecnociência." (Stella Azevedo)

O enfermeiro continua a sua apresentação, mencionando alguns dos direitos humanos fundamentais: dignidade, liberdade, igualdade, solidariedade, cidadania e justiça. Estes direitos devem estar bem salientes no nosso quotidiano e mais concretamente, segundo o tema, em ambiente hospitalar, para que médicos, enfermeiros, bem como todos os profissionais que formam a equipa hospitalar, ajam segundo os mesmos, respeitando a decisão do doente, para que assim haja um acordo pacífico entre ambos os lados.

Menciona de seguida, os princípios da bioética: beneficência, não maleficência, autonomia e equidade/igualdade. Começa por explicar o princípio da beneficência, sendo este o princípio base da medicina, fazendo referência à tradição hipocrática, visto que foi Hipócrates ("pai da Medicina") quem fundou este mesmo princípio. Referiu ainda Joaquim Clotet, Genival Veloso de França e John Stuart Mill. Seguindo-se a explicação do princípio da não maleficência; da autonomia, na qual referiu a importância das interferências na qualidade da autonomia, ou seja, o dever do médico explicar o tipo de tratamento (exemplo: operação) aos doentes, pais, familiares, ... que irão assinar a permissão para a execução do devido tratamento, bem como os limites impostos a este mesmo princípio (tais como o da não liberdade absoluta); da justiça, no qual referiu Joaquim Clotet e mencionou: o direito de todo o cidadão à Saúde; da equidade, no qual mencionou algumas leis em vigor, no nosso país (nas quais ninguém é excluído, nem mesmo os estrangeiros).

Por fim, o enfermeiro apresentou então diversos casos verídicos, bastante presentes no ambiente hospitalar, com a intenção de nos fazer reflectir sobre questões que talvez nunca nos teriam ocorrido, bem como uma forme de nos fazer interagir.

Na minha opinião, esta palestra foi importantíssima não só para quem pretende seguir a área da saúde, como também para quem não tem este objectivo, visto ser um tema bastante presente no nosso quotidiano e que nos toca a todos.

O que para mim foi mais importante foram os casos verídicos apresentados, pois de certa forma, o enfermeiro colocou-nos no lugar de um médico e fez-nos ver que não devemos criticá-los como muitas vezes o fazemos, pois tal como podemos percebemos, não é nada fácil tomar uma decisão que agrade a todos, visto que existem opiniões distintas relativas ao mesmo caso.

O que na minha opinião falhou foi o início da palestra. O facto de o enfermeiro ler o PowerPoint, bem como o caderno de apontamentos, revelou uma certa falta de preparação e insegurança quanto ao tema em questão. Mas deste facto, pude perceber e colocar-me no lugar dos professores que sempre nos transmitiram a importância das apresentações com reduzido texto nos suportes e a da não leitura dos mesmos. Também achei que o enfermeiro revelou um pouco de "agnosia" pelo facto de ter feito afirmações erradas no campo da biologia, tais como quando afirmou que os leucócitos são produzidos na espinal medula, quando estes são, na realidade, produzidos na medula óssea.

 


 
 
 

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