Visita de estudo (12.º anos)

Nos dias 16 e 17 de maio, as turmas A e B, do 12-º ano, dos Cursos Científico-Humanísticos de Ciências e Tecnologias e de Artes Visuais, realizaram uma visita de estudo a Lisboa, no âmbito das disciplinas de Português, Inglês e Desenho, tendo os 42 alunos envolvidos sido acompanhados pelas respetivas docentes (Dina Sarabando, Teresa Sousa e Celeste Cerqueira).
O dia começou bem cedo, às 6h da manhã (ou antes, para ser sincera), junto dos portões de entrada do AESL. Depois de uma longa jornada, rumo à capital, cuja chegada teve lugar por volta das 10h, os alunos caminharam em direção, numa primeira instância, ao Lisboa Story Center, situado no Terreiro do Paço, um local imensamente histórico, onde imergimos na cultura portuguesa. Aqui, todos tivemos a oportunidade, de uma ponta a outra, de viajar no tempo, através de cenários distintos, pela História de Lisboa, apreciada ao longo do estudo das obras lusitanas, do 10.º ao 12.º anos, assim como através de ferramentas virtuais e de experiências sensoriais, contactando, in loco, com evidências dos principais eventos da memória da cidade, no espaço delimitado pela Baixa Pombalina e pelo Terreiro do Paço, explorando mitos e realidades desta cidade milenar, de uma forma interativa, respeitando, sempre, a verdade histórica.

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Cada parte da exposição focava diferentes aspetos da História de Lisboa, estruturados numa sequência cronológica, sentindo-se cada um de nós envolvido pelos múltiplos ambientes, desde o armazém da Lisboa quinhentista, onde sentimos o cheiro das especiarias provenientes dos Novos Mundos, transportados nas caravelas, à criação da passarola do Padre Bartolomeu Lourenço de Gusmão e ao terramoto de 1 de novembro de 1755.
A título ilustrativo, eis os seis núcleos que englobam a visita completa:
* Núcleo 1: Mitos e Realidades, onde se aborda o rio, a terra, o mar, o céu, os primórdios mitológicos, os colonizadores e conquistadores, bem como as muralhas da cidade;
* Núcleo 2: Lisboa, Cidade Global, que apresenta a cidade cosmopolita, o armazém do mundo, para além do horizonte, o padre voador, a cidade magnificente, a morte, a política e a Igreja;
* Núcleo 3: 1 de novembro de 1755, o dia de Todos os Santos, a maior catástrofe natural de Lisboa e da Europa, vivida de forma realista através de uma experiência imersiva;
* Núcleo 4: a visão do Marquês de Pombal, o planeamento da cidade moderna após o terramoto e a reconstrução da cidade;
* Núcleo 5: a Praça - apresentação do Terreiro do Paço como cenário de grandes acontecimentos históricos;
* Núcleo 6: Lisboa Virtual, onde se descobre a maqueta da baixa pombalina que possibilita uma interação virtual com enfoque para variados acontecimentos relevantes da cidade.
Ainda neste local da visita, todos os envolvidos usufruíram de um momento dramático e dialógico com um médico da Peste Negra que surgiu acompanhado da sua Florentina. Uma verdadeira história ao vivo que nos fez viajar, no meio de humor bem negro, à Idade Média, à época das cantigas trovadorescas e do nosso Fernão Lopes.
Se alguns decidiram preencher a hora de almoço pelos diferentes estabelecimentos comerciais, nas redondezas da Casa dos Bicos, outros preferiram, antes, aproveitar a comidinha trazida de casa.
Por volta das 14h30, foi a vez de irmos ao encontro de José Saramago e de Fernando Pessoa, aliás, do seu heterónimo Ricardo Reis. Entrámos, então, na Casa dos Bicos, localizada na zona ribeirinha, um dos exemplos mais representativos da arquitetura da Lisboa do século XVI, edificada, segundo se crê, a partir de 1522, por ordem de Brás de Albuquerque, filho do vice-rei da Índia, Afonso de Albuquerque, pelo arquiteto Francisco de Arruda. Apesar de bastante transformada, ao longo dos tempos, é a residência lisboeta mais importante do Renascimento, que conjuga uma fachada de diamantes, semelhante a outras construções de Itália ou de Espanha, com azulejos mudéjares e outras produções artísticas. Entre 1987 e 2002, foi sede da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. Em 2008, a Autarquia de Lisboa cedeu os pisos superiores para a instalação da Fundação José Saramago.
Após um momento de revisita à vida e obras do Nobel português, na «sua» casa, iniciámos o percurso literário, designado "Lisboa, onde o mar se acabou e a terra espera", baseado na obra saramaguiana, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”.
Na ficção de Saramago, Ricardo Reis chega a Lisboa, vindo do Brasil, no dia 29 de dezembro de 1935, e todo o percurso do heterónimo pessoano, após os 16 anos de ausência, foi repensado pelo escritor e foi essa precisamente a nossa missão: percorrer os espaços lisboetas calcorreados por Ricardo Reis. Por isso, nesta aventura por ruas, becos, praças e monumentos, a comitiva da Serafim Leite, orientada pelas guias de serviço, sempre com as notas da docente de Português, foi revivendo as páginas de «O Ano da Morte de Ricardo Reis»: o Cais do Sodré (recordando a Revolta dos Marinheiros); o Hotel de Bragança, na rua do Alecrim, onde Ricardo Reis se hospedou, com vista para o Tejo; a escultura de Eça de Queirós; a praça, onde ficava o consultório de Reis, e a estátua de Camões; o Alto de Santa Catarina, onde ficava a casa alugada, mais tarde, pelo heterónimo, e a estátua do Adamastor; o largo de S. Carlos, onde viveu, na sua infância, Fernando Pessoa; a sede da PVDE; o Chiado e a estátua de Pessoa; a Rua Augusta e as arcadas que nos conduziram ao Martinho da Arcada, café frequentado por Pessoa. É, na verdade, um percurso rico em Literatura, em História, em Cultura e em Artes que nos faz viajar para o interior desta obra que faz parte do corpus textual do 12.º ano, da disciplina de Português.

visita121Terminada esta parte da visita, deslocámo-nos para Oeiras, a fim de retemperarmos as nossas energias, na pousada local, através de um banho apetitoso, de um jantar recheado e de um convívio extraordinário, porque o dia seguinte trazia mais novidades.

Por isso, no dia 17 de maio, segundo dia da visita, já com o pequeno-almoço tomado, na pousada, dirigimo-nos, de novo, para Lisboa, a fim de visitarmos a Fundação Calouste Gulbenkian e, mais concretamente, para empreendermos uma viagem pelo «Fio da História», neste caso, pela Europa dos séculos XVII-XIX, marcada por profundas mudanças políticas, filosóficas e sociais que se refletiram no mundo da Arte através de sucessivos movimentos artísticos que vão desde o Barroco ao Impressionismo, criando pontes com as culturas chinesa e japonesa do mesmo período.
Contudo, o destino revelou uma desagradável surpresa, na medida em que, no período da tarde, estava prevista a visita à Casa-Museu Fernando Pessoa, a qual não foi possível, contra a nossa vontade, uma vez que esta instituição não se encontrava aberta por motivos grevistas. Por isso, os planos foram reagendados, in loco, sendo que, após o almoço, que teve lugar no Centro Comercial do Campo Pequeno, regressámos à FCG e, desta vez, usufruímos da viagem pelos restantes momentos da História, ou seja, o Antigo Egito, a Mesopotâmia, a Antiguidade Clássica, a Idade Média e o Renascimento, culminando na modernidade. Conseguimos, ainda, beneficiar da visita à exposição «SIZA», numa alusão ao grande arquiteto nacional, Siza Vieira, em estreia absoluta.

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A visita deste último dia teve como ponto final o Centro Cultural de Belém e a vasta exposição «Do 1.º Modernismo às novas vanguardas», a qual permitiu o enquadramento das mudanças visíveis do século XIX para o século XX, bem como a observação de um conjunto de momentos-charneira, ao longo da primeira metade do século XX, com as denominadas vanguardas artísticas. Como bem elucidado pelas guias, esta viagem inconfundível pela Arte não só permitiu uma maior proximidade com o Modernismo, como o desfazer de preconceitos que levam os visitantes a lançar questões ou afirmações como «Isto é arte?» ou «Isto eu também fazia!».

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E, desta forma, com uma bagagem bem mais cheia de novos ensinamentos, os alunos e as professoras partiram rumo a S. João da Madeira, por volta das 18h00, onde chegaram, cansados mas felizes, cerca das 22h. Uma experiência a ser repetida, com certeza, pelos próximos alunos!
Dina Sarabando

 


 
 
 

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