Mural de Azulejos, comemorativo do 50.º Aniversário do 25 de Abril de 1974

A conjugação do trabalho de cada um é uma grandiosa força. Qualquer cidadão, ainda que ciente da sua imprescindível participação na sociedade, é incapaz da incompletude do espanto que é o Estado — em permanente reconstrução.

 A ideia de juntar a participação de “todos” num mesmo processo, como é o caso deste mural, quase resgata a Revolução. “Resgata”, porque o processo revolucionário e transformador teve os seus momentos altos e fascinantes, promissores de uma sociedade mais justa, mais de “todos”, mas também teve outros momentos, mais contrários e perturbadores desse processo que não admite fim. Encontramo-nos num desses momentos: 2024 — cinquentenário de Abril de 74 — não merecia a primeira comemoração, pela Assembleia da República, do 25 de novembro de 1975. Uma comemoração que procurou branquear, simplesmente, uma tentativa de, em 75, reverter o processo revolucionário em curso. Se esse 25 de novembro aconteceu em 1975, porquê lembrá-lo, pela primeira vez, quarenta e nove anos depois? Porque não cinquenta? Por que não nunca? Este mural, na verdade, celebra Abril de 74; não celebra Novembro de 75. 

Voltando à ideia — a de todos participarmos — é uma ideia que já tem alguns anos e não surgiu com um sentido comemorativo.Teve, sim, a pretensão de celebrar um coletivo: O nosso. Cada um de nós, ao pintar o seu quadradinho, encetou um imaginário e de uma força apenas seus. Porém, quantos de nós, confrontados com o quadradão do mural, até se esqueceram, por momentos, de procurar o "seu" quadradinho? O projeto surgiu e foi demorando, demorando… Mas o cinquentenário de Abril não lhe permitiu mais demora. 

A “participação” é o primeiro dos direitos que Abril resgatou e não há força maior. Nesse Abril, o Povo, comandado para permanecer em casa, saiu à rua e tomou-a como sua.
Que este mural não nos faça esquecer essa força que é o direito e o dever de participação; que ele nos incite, enquanto coletivo escolar e com outros coletivos escolares, ao resgate da gestão escolar democrática e participada — a gestão na qual todos participamos na eleição de quem nos representa e na qual, em colégios específicos, todos participamos nas decisões; a gestão que constrói um projeto educativo, ao contrário de proceder de um projeto individual e de uma carta de missão.

Não é o tempo que desgasta a democracia: É o adormecimento da "participação"!

Além de todos os professores e educadores que constam da legenda anterior, os quais trabalharam com os respetivos alunos e crianças na pintura dos seus azulejos. Também pintaram azulejos praticamente todos os restantes docentes, os assistentes operacionais, os assistentes técnicos, os técnicos superiores, os membros do Conselho Geral e os idosos do Lar S. Manuel, da Santa Casa (através de um projeto dos alunos do 11.ºC). Também o pintor José Emídio, antigo professor da então Escola Secundária Dr. Serafim Leite, mereceu ter o seu azulejo neste mural com 1600 participações.

A cada um de nós é de reconhecer a participação neste mural. 

Que o azulejo de cada um perdure e sempre nos lembre - e lembre outros - da força que provém de um coletivo como este! 

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Professor Paulo Duarte


 
 
 

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