A Assembleia Municipal Jovem é um projeto recente proposto pela Câmara Municipal de S. João da Madeira, que arrancou neste ano letivo, contando com o trabalho desenvolvido por todos os agrupamentos sanjoanenses em prol da política e da formação cívica. Nesse sentido, após as duas sessões efetuadas (dias 21 de março e 6 de junho), que culminou com decisões importantíssimas, sugeridas pelos jovens de S. João da Madeira, em benefício da sua cidade, todos os envolvidos, deputados e coordenadores, foram presenteados com uma viagem de dois dias a Lisboa e Peniche, circunstância que ocorreu nos dias 28 e 29 de junho.
1.º dia
Eram 7 horas e trinta minutos quando todos os participantes se reuniram no Fórum Municipal com a finalidade de empreenderem uma viagem rumo à capital… Ressalvo, desde já, que a comitiva da Serafim Leite compreendeu os seguintes elementos: Nuno Macedo (4.º A_Parque), Ana Amorim (5.º D), Joana Costa (6.º A), Bernardo Fonseca (7.º C), Diogo Mendes (9.º A), Joana Martins (9.º B), Francisco Gomes (11.º A), Gustavo Martins (11.º A), Bárbara Pessoa (12.º A) e as professoras Cristina Correia e Dina Sarabando.
A primeira paragem ocorreu na Casa da Democracia, quando o relógio anunciava 11h00. Apresentações efetuadas e seguiu-se a esperada visita guiada à Assembleia da República pelos recantos mais fabulosos e históricos do antigo Palácio de S. Bento. Coube ao Deputado Diogo Leão Rodrigues, licenciado em História e com mestrado em Ciência Política, membro do PS, a transmissão das mais profundas e interessantes informações, ao longo de toda a visita. Fomos percorrendo espaços magníficos, recheados de cultura, política e história, capazes de suscitar as mais variadas sensações, por parte dos presentes. Estivemos, pela exuberância do espaço - a Sala dos Passos Perdidos, um longo tempo a digerir toda a beleza circundante, rodeados de grandes políticos de outrora, como o nosso Padre António Vieira, Almeida Garrett e Alexandre Herculano. Os painéis aí presentes que revelam vultos nacionais são da autoria do pintor Columbano Bordalo Pinheiro.
E, como não podia deixar de ser, tivemos o prazer de nos posicionarmos na Sala das Sessões assim como na Sala do Senado, usada, na atualidade, para sessões solenes, conferências e reuniões internacionais, como sucede, na maioria das vezes, com o projeto “Parlamento dos Jovens”. Neste momento, contámos com a nobilíssima presença de três deputados eleitos pelo Círculo Eleitoral de Aveiro (Susana Lamas, João Almeida e Filipe Brandão) que, de forma prazenteira, responderam às insaciáveis perguntas dos jovens deputados, abrindo esse período de questões o serafino Francisco Gomes. Visitámos, igualmente, o Salão Nobre, projeto de Pardal Monteiro, que se encontra decorado com pinturas alusivas aos Descobrimentos portugueses.
A visita continuou e o próximo local a ser apreciado foi a Biblioteca Parlamentar, instalada no antigo dormitório dos frades que nos fez recordar – um pouco – a Biblioteca Joanina, em Coimbra.
Posteriormente, almoçámos – e que bem! – na cantina da Assembleia da República. A visita aumentou de intensidade, quando todos os participantes assistiram a um plenário, podendo ver, ao vivo, a “atuação” de Deputados “a sério”, de todas as fações partidárias. Contudo, porque outras obrigações o impediram, não ficámos até ao seu término.
Mais tarde, novamente na Sala das Sessões, juntou-se à comitiva sanjoanense o Secretário do Estado dos Assuntos Parlamentares, Pedro Nuno Santos.
O adeus foi dirigido à Casa de todos nós, uma vez que a agenda mostrava um outro compromisso: a Presidência do Conselho de Ministros. Aqui, fomos recebidos e esclarecidos pela Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e pelo Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Tiago Barreto Caldeira Antunes. Não faltaram as questões dos nossos jovens deputados que, por momentos, se posicionaram no assento de cada um dos Ministros de Portugal, tendo deixado, a cada um dos elementos, uma questão. Foi, na verdade, um dos momentos apoteóticos do dia e viemos bem mais esclarecidos sobre a orgânica da Presidência do Conselho de Ministros e todos os seus afazeres em prol do nosso país.
O dia já ia longo e, por isso, dirigimo-nos, de seguida, para o Hotel A.S. onde ficámos alojados e, depois de um simpático e bem servido jantar, partimos para uma merecida visita noturna pela capital.
2.º dia
Chegou o derradeiro dia da nossa viagem. Ainda com soninho à mistura, tomámos o pequeno-almoço no hotel e, por volta das 10h30, entrámos no autocarro em direção ao Campo das Cebolas. Posicionámo-nos, durante algum tempo, junto à Fundação José Saramago apreciando a arquitetura do edifício e a árvore centenária retirada do olival de que José Saramago tanto gostava, na Azinhaga, hoje colocada junto das cinzas do Nobel, um ano após a sua morte. Trata-se da mais «densa e bela» entre as trinta que restam dos milhares de oliveiras naquela zona e que Saramago expões, tantas vezes, no seu livro «As Pequenas Memórias».
Pés ao caminho e lá fomos rumo ao histórico Museu do Aljube… Tivemos, ainda, a oportunidade de observar, com deleite, a Sé Catedral de Lisboa.
O Museu do Aljube – uma das grandes surpresas da visita pela sua grandiosidade histórica, realismo e extrema organização – é recente e é um espaço dedicado à história e à memória de todos aqueles que traçaram um determinado rumo: a luta contra a ditadura e a resistência em prol da liberdade e da democracia. Este local mostrou, a todos os envolvidos, que, hoje, as suas vozes não se fariam ouvir, caso homens e mulheres, cujos testemunhos lemos e vimos, não tivessem lutado contra o regime ditatorial espalhado pela Europa fora… Foi, sem dúvida, um espaço de reflexão, de aprendizagem e de uma viagem rumo a uma História tão atual, mas inconcebível. Mais do que um local memorialístico, acaba por ser uma forma de se construir “uma cidadania esclarecida e responsável” e assumir uma “luta contra o silenciamento desculpabilizante, e muitas vezes cúmplice, do regime ditatorial que dirigiu o país entre 1926 e 1974”.
Após este momento extraordinário, fomos almoçar no “Copo Três”. Lisboa foi ficando cada vez mais longínqua, porque a meta era, agora, Peniche e mais especificamente a sua lindíssima fortaleza. Infelizmente, só conseguimos observar o monumento no seu exterior, uma vez que se encontra em obras para futura instalação do Museu Nacional da Resistência e Liberdade. Este forte foi mandado edificar por D. João III, em 1557, tendo sido terminado no reinado de D. João IV, em 1645, que o considerou a principal chave do Reino pela parte do mar. No contexto da visita, interessa saber que a fortaleza serviu de prisão política do Estado Novo entre 1934 e 1974, destacando-se, por exemplo, a prisão de Álvaro Cunhal que teve lugar neste local (1937-38).
E, desta forma, terminou a viagem de dois dias bem merecida… Foram dois dias repletos de convivências, novas aprendizagens, novas experiências e um enriquecimento cultural imensamente salutar. Para o ano, haverá, com certeza, mais iniciativas do género, mas, para isso, os jovens deputados terão, de novo, de arregaçar as mangas e trabalhar pelo seu município, pela sua cidade, pelo seu futuro!
Até para o ano!
Dina Sarabando
Para ver todas as fotos, clique em:
Assembleia Municipal Jovem - Visita a Lisboa e Peniche