De um a sete de maio, aconteceu mais uma mobilidade do Projeto «Erasmus MEUS», desta feita, na cidade de Ås, na Noruega. Integram este projeto parceiros deste país: Espanha, La Reunion (França), Áustria e Portugal.
A comitiva portuguesa fez-se representar pelas professoras Teresa Clara Soares e Teresa Margarida Brandão e pelos alunos Maria Caires Ferreira, Mafalda Costa e Silva, Samuel Fontoura Pinto e Tiago Almeida Salgado, todos membros de grupos de teatro ou encenadores e guionistas.
A emigração e imigração fazem, hoje em dia, parte do cenário europeu e mundial e trazer estas dinâmicas ao público é um profundo desafio, visto ser um tópico sensível e atual.
Portugal tem uma grande tradição de emigração para todos os continentes com especial ênfase na Europa, América do Norte e do Sul e África. No entanto, ainda está a dar os primeiros passos e, de forma muito abrupta, na receção de imigrantes e como lida com eles. Os portugueses recebem bem, são hospitaleiros e partilham de coração aberto, porém, esta realidade ainda nos é pouco conhecida. Assim, nesta mobilidade, tivemos o privilégio de vivenciar bem de perto aquilo a que se chama, nos Estados Unidos, o “salad bowl”, ou seja, a “taça de salada” e que se está a espalhar por todos os países mais desenvolvidos. Por outras palavras, num mesmo país, os habitantes de vários países distintos trazem a sua identidade, cultura e costumes, criando-se, com a participação de todos, uma sociedade muito mais rica. E foi isto mesmo que encontrámos na Noruega.
Na expectativa de se encontrar o estereótipo das pessoas altas, loiras e de olhos azuis, assim como os homens fortes que, em tempos, foram os vikings, com as suas longas barbas e tranças – e que continuam a existir por aquelas paragens -, deparámo-nos, na escola e na sociedade em geral, com pessoas de todas as raças: etíopes, coreanos, japoneses, chineses, tailandeses, africanos, indianos, só para mencionar alguns. Assim, foi um desafio e uma surpresa ver, por exemplo, uma menina tailandesa, criada em Espanha, a falar espanhol e a comunicar em Inglês num país onde a língua é o Norueguês. Quer na escola anfitriã, quer nos grupos em mobilidade, esta diversidade e riqueza foram uma constante e desta realidade à dramatização da mesma foi um passo que foi feito com elegância e consistência.
O desafio feito pelos anfitriões noruegueses teve por base a música – quer clássica, quer moderna – e, a partir das emoções sentidas na escuta das mesmas, foram criados quadros de teatro dinâmico e sem verbalização, através dos quais foram passadas mensagens sobre os problemas que os imigrantes e emigrantes enfrentam, pois nem sempre a inclusão se verifica da forma mais generosa.
Durante uma semana, foram propostas, durante a parte da manhã, diversas oficinas, nas quais os jovens (e os professores também) tinham de desenvolver um trabalho no sentido de se aperfeiçoar a passagem da mensagem e vivenciar na pele esta diversidade desafiadora e, ao mesmo tempo, nutridora. Durante a parte da tarde, foi-nos oferecida a possibilidade de viajar e conhecer a natureza envolvente da escola anfitriã com os seus lagos e rios, bem como a cidade de Oslo, onde visitámos alguns museus e locais de desporto do país – ski de alta velocidade e salto com skis na neve. Experimentámos a sauna nórdica e o frio do mar do Norte, viajámos até aos fiordes e conhecemos alguma da gastronomia local e dos países imigrantes.
Os alunos e alunas ficaram alojados em casas de famílias da escola anfitriã e foram acolhidos com alegria e grande carinho, o que se tornou bem visível numa festa de confraternização das famílias, jovens e professores que aconteceu no início da semana. Neste evento, todos os jovens apresentaram pequenas peças que alimentaram o evento e as almas dos presentes. Os alunos portugueses destacaram-se, visto que já integram grupos de teatro há alguns anos. Com a sua prestação comoveram os presentes, pois recriaram o relacionamento histórico entre a Noruega e Portugal através da arte e da faina da pesca do bacalhau. Com todo o trabalho que desenvolveram serviram de modelos para os restantes jovens que os seguiram com convicção e ótimos resultados.
O grupo de professores envolvidos sente que todo o trabalho realizado é de qualidade e que, mais que o cumprimento das tarefas profissionais, se teceram e continuam a tecer fios invisíveis que unem os corações.
A próxima mobilidade acontecerá no início do próximo ano letivo, na Coruña (Espanha), onde os anfitriões serão os nossos vizinhos espanhóis.