Eu
Fernando Pessoa recorda, de forma nostálgica, o passado e os sonhos da infância.
Fernando Pessoa… Fernando Pessoa… Fernando Pessoa….
Sou louco e tenho por memória
Uma longínqua e infiel lembrança
De qualquer dita transitória
Que sonhei ter quando criança.
Depois, malograda trajetória
Do meu destino sem esperança,
Perdi, na névoa da noite inglória
O saber e o ousar da aliança.
Só guardo como um anel pobre
Que a todo o herdado só faz rico
Um frio perdido que me cobre
Como um céu dossel de mendigo,
Na curva inútil em que fico
Da estrada certa que não sigo.
A carripana passa e eu fico
Já não sou eu que complico
Frase a frase, construo o meu caminho,
é por aqui onde eu fico.
A pressa caminha no mesmo sítio,
não penso mais nisso,
fico sozinho
a navegar pelas estradas mais frias,
nada me complica,
quero sentir esse calor que tanto, que tanto, me dizias.
Fernando Pessoa é o melhor
Fernando Pessoa
vê a vida de outra cor
Francisco Murteira, 12.ºE