Os Prémios Nobel, fundados por Alfred Nobel, são prémios atribuídos àqueles que, no decorrer do ano anterior, se destacaram nas áreas da Física, da Química, da Fisiologia e Medicina, da Literatura, da Paz e da Economia, tendo prestado um valioso e significativo contributo à humanidade. Estes prémios consistem numa medalha de ouro, num diploma e numa quantia em dinheiro, além de constituírem a mais prestigiante distinção internacional nos domínios a que correspondem, sendo este reconhecimento apenas efetuado quando existem candidatos nomeados e se dispõe de informação suficiente.
Este foi o caso do Prémio Nobel da Física, cuja distinção feita pela Real Academia Sueca de Ciências destacou, este ano, o trabalho de Alain Aspect (França), John Clauster (Estados Unidos) e Anton Zeilinger (Áustria), no ramo da Mecânica Quântica, área que incide na descrição do mundo das partículas subatómicas.
Estes três cientistas, conhecidos como os pais da informação quântica, basearam-se num outro trabalho, mais antigo, de John Stewart Bell, que pretendia compreender se as partículas, tendo-se distanciado demasiado para comunicar, ainda podiam funcionar em conjunto. Tendo por base este estudo, os físicos mencionados procederam à investigação, experimentação, validação e aprimoramento daquilo que já era conhecido, impulsionando a aplicação da Mecânica Quântica num novo campo científico, o qual inclui a Computação Quântica. Estes cientistas conduziram experiências revolucionárias no entrelaçamento quântico, um estado em que duas partículas conseguem agir coordenadas, mesmo que estejam a quilómetros de distância. Apesar de ser um fenómeno controverso e do qual muitos físicos desconfiavam, inclusivamente Albert Einstein, dado que não corresponde àquilo que é estipulado por algumas das principais leis da Física, este trabalho revelou-se digno de distinção através de um Prémio Nobel, hoje do conhecimento de todos.
No que me diz respeito, considero justa a atribuição desta distinção, uma vez que a referida investigação pode revelar-se a origem de valiosos e revolucionários progressos, permitindo a abertura de um novo caminho na área da Mecânica Quântica e o nascimento de uma nova geração de computadores e de redes de telecomunicações, garantindo um aumento da capacidade de cálculo e do processamento de dados, quando estão em causa múltiplas variáveis ou alternativas.
A Academia Sueca destacou, também, no âmbito da Literatura, a romancista francesa Annie Ernaux, de 82 anos, premiada pela “coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, estranhamentos e constrangimentos coletivos da memória pessoal”.
Desempenhando a função de professora universitária de Literatura, Annie Ernaux escreveu quase 20 livros, nos quais aborda o peso da dominação das classes sociais e a paixão do amor, dois temas que caracterizaram a sua trajetória. A sua obra é, maioritariamente, autobiográfica, revelando a evolução de uma mulher que enfrentou grandes mudanças na sociedade francesa do pós-guerra.
Na sua obra, que tem como principal inspiração a sua própria vida, Ernaux “examina, consistentemente e de diferentes ângulos, a vida marcada por fortes disparidades em relação ao género, língua e classe”, características possíveis de aferir através de uma das suas obras em particular, intitulada "L'événement" ("O Acontecimento"), em que a autora narra uma experiência pessoal, destacando a angústia de uma jovem estudante francesa obrigada a fazer um aborto clandestino, daí que esta não seja a primeira vez que o nome da escritora é nomeado para o Prémio Nobel da Literatura.
A escritora, para quem escrever é um ato político, que serve para abrir os olhos dos leitores para a “desigualdade social”, foi apanhada de surpresa com a atribuição deste prémio, tendo inclusivamente duvidado quando lhe foi transmitida a informação. Annie Ernaux, a 17.ª escritora a ser laureada com o Nobel da Literatura, reagiu a este reconhecimento, recorrendo às seguintes palavras: “Estou muito comovida. Para mim, representa algo enorme, em nome daqueles de que provenho”. A escritora mostrou-se ainda honrada e reconheceu a responsabilidade desta premiação.
Embora não tenha lido nenhuma obra da escritora em questão, considero adequada esta distinção, já que, aparentemente, Annie Ernaux é detentora de uma coragem invulgar, assim como a sua escrita, que se demonstra bastante singular, simples e intensa.
É importante salientar que um escritor português já partilhou a honra de ser distinguido com um Prémio Nobel, no caso, o Prémio Nobel da Literatura de 1998, atribuído a José Saramago, comemorando-se, este ano, os 100 anos do seu nascimento.
Clube dos Jovens Repórteres
Beatriz Barbosa (10.º A)